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Cenário econômico atual reduz espaço para queda nos juros no Brasil.

Cenário econômico atual reduz espaço para queda nos juros no Brasil.

Qualquer cenário para a economia brasileira começa a se desenhar a partir das expectativas para os EUA. Acredite, essa é uma verdade absoluta para nós.

Se você precisa de um único número para capturar o momento econômico dos EUA, este ano a economia americana representará 26,3% do produto interno bruto global, o mais alto em quase duas décadas. Esse dado é do FMI e aqui é importante fazer uma ressalva. Os números são baseados em preços e taxas de câmbio atuais. Usando o poder de compra, que ajusta os diferentes níveis de preços entre os países, a participação dos EUA no PIB mundial seria menor e a dos grandes mercados emergentes, como China e Índia, muito maior.

Ainda segundo o FMI, oss salários nos EUA (ajustados para a inflação) estão aproximadamente no mesmo nível do período anterior à pandemia, enquanto estão mais baixos em outras economias avançadas. Com uma economia aquecida, a inflação americana mostra-se persistente.

Com esse conjunto de ingredientes, o livro de receitas padrão para a elaboração de políticas oferece uma receita simples: taxas de juro elevadas.

E como isso repercute na economia brasileira?

Quatro meses de 2024 já se foram. O cenário para a economia brasileira mudou de forma significativa em relação ao que se projetava no fim de 2023. Se o desempenho da atividade econômica brasileira foi marcado por surpresas levemente positivas, levando as projeções para o crescimento do PIB para a casa de 2%, o ambiente externo piorou e as incertezas em relação às contas públicas se ampliaram.

A sinalização de que os cortes nos juros americanos tardarão mais que o esperado, a clareza do governo brasileiro que não olhará corte de despesas, e a “fome” em arrecadar apresentada pelo governo causaram uma mudança importante nas expectativas dos agentes econômicos e isso se refletiu no câmbio e na taxa de juros de longo prazo, descontada a inflação – o dólar nesse momento está sendo negociado acima de R$ 5,08 e a taxa dos títulos do Tesouro atrelados ao IPCA passou de 6%.

Esse novo quadro tende a diminuir o espaço para a redução da Selic, afetando a expectativa de crescimento da economia especialmente a partir de 2025. Portanto, não será nenhuma surpresa se a Selic terminar o ano acima de 9,5%.

Artigo escrito por Guilherme Dultra, head de finanças da ANEFAC