ESG nas PMES, percepções, mitos e realidade
Recomendação é sempre iniciar por um diagnóstico da integração à estratégia e depois priorizar as áreas com riscos mais altos
O assunto do momento são os fatores ESG (Environmental, Social and Governance). Todas as empresas seja de grande, médio e até pequeno porte começam a colocar no horizonte formas para se adaptar e integrar essas dimensões no negócio e na estratégia. Na visão de Denise Saboya, diretora executiva de sustentabilidade da ANEFAC, no caso das PMEs, realmente, ESG parece ser um conceito familiar, mas, na realidade, a aplicação e a integração à estratégia não é algo que tem se observado. “Algumas delas possuem iniciativas totalmente descentralizadas na dimensão ambiental, por exemplo, no caso de indústrias, preocupação com emissão de gases de efeito estufa ou, no caso de prestadoras de serviços, com a utilização e reciclagem de materiais de consumo. Temos notado as dimensões “social” e “governança” mais restritas à conformidade legal”, diz.
Os mundos de pequenas, médias e grandes organizações são muito diferentes. Enquanto as grandes criam estruturas para gerenciar e integrar o ESG na estratégia, operações de negócios e cultura corporativa, normalmente nas pequenas e médias organizações o CEO é o proprietário do assunto. Segundo Saboya, isto certamente exigiria que seus presidentes tivessem conhecimento nos fatores, mas o que se nota é que a maioria entende que é importante, mas não está capacitado para a gestão e integração. Além disso, não há como negar que a agenda ESG está um pouco de lado nas PMEs no momento. Hoje, prevalece o foco em uma perspectiva de curto prazo, o que é facilmente explicado pelos reflexos da pandemia de Covid-19.
Outra questão importante, na visão de Saboya, é que para se comunicar sobre as ações ESG as PMEs utilizam seus websites e, principalmente, as mídias sociais, Facebook, Instagram e Linkedin. Já a utilização de padrões internacionais como o relato integrado e os relatórios de sustentabilidade ainda é baixa entre esses negócios, apensar de que já houve um avanço em alguns setores da economia como construção e varejo, alimentação e turismo.
Na percepção de analistas, os critérios ESG tendem a diminuir os riscos em longo prazo, tornando o ambiente mais seguro para os investidores, a modalidade sustentável é uma tendência global e se estende às PMEs. “Ainda que elas não estejam sujeitas aos critérios ESG por leis e regulamentos, bolsas de valores, existem fortes pressões para que busquem estas boas práticas e ofereçam produtos e serviços sustentáveis”, alerta Saboya, que cita algumas das características específicas desses investidores:
• Nova geração: jovens investidores buscam alinhar os seus investimentos com seus propósitos e independem de tamanho da empresa alvo.
• Consumo consciente: empresas se adaptam para atender as exigências da sociedade para o consumo consciente.
• Legislação mais rígida: as PMEs estão em plena transformação de um ambiente sem muitas exigências para um ambiente altamente regulamentado, principalmente nas dimensões social e ambiental do ESG. Estar em conformidade com leis, regulamentos e até mesmo pactos voluntários passa a ser exigido pelos investidores.
É importante entender que as pequenas e médias empresas devem considerar os aspectos ESG por dois ângulos importantes: os riscos e as oportunidades, ou seja, a não adoção de boas práticas ESG, além dos riscos inerentes, acrescenta o risco de continuidade do negócio.
“É possível adotar boas práticas de ESG compatíveis com o porte e a complexidade dos negócios das PMEs. Nossa recomendação é sempre iniciar por um diagnóstico da integração à estratégia, após, devem ser priorizadas as áreas com riscos mais altos com desenvolvimento de planos de ação contendo metas claras e ferramentas de monitoramento. Os avanços devem ser comunicados, sempre com transparência, aos stakeholders (partes interessadas”, finaliza Saboya.
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