Inflação sob pressão: desafios e incertezas na economia brasileira em 2025
O ano de 2025 reserva desafios para a economia brasileira, com a inflação no centro das preocupações. A combinação de fatores internos e externos exige atenção de empresas e consumidores. Mas, afinal, o que está por trás da pressão inflacionária?
Fatores internos: a pressão sobre as contas públicas
Política fiscal no radar:
- A incerteza sobre o futuro das contas públicas é um dos principais fatores de pressão. Gastos elevados e dificuldades em equilibrar o orçamento podem impulsionar a demanda e, consequentemente, os preços.
- A dívida pública brasileira, financiada com juros elevados, exige atenção redobrada.
Expectativas em jogo:
- A percepção de empresas, consumidores e investidores sobre a inflação futura pode influenciar decisões de preços e consumo, criando um ciclo de autorrealização.
Consumo e juros:
- O nível de consumo das famílias e o investimento das empresas impactam diretamente a demanda. Por essa razão, políticas fiscais e parafiscais aventadas pelo governo (como as de transferência de renda e isenções de IR para algumas faixas) podem trazer impactos para a inflação.O movimento da taxa Selic, que influencia o consumo, também é um ponto de atenção.
Fatores externos: Como país emergente, esses fatores pesam muito.
Cenário global instável:
- A inflação global, as taxas de juros nos Estados Unidos e a atividade econômica na China afetam o Brasil por meio dos preços de commodities, do fluxo de capitais e da demanda por exportações.
Commodities em alta:
- A variação dos preços de petróleo, alimentos e outras commodities impacta os custos de produção e, consequentemente, os preços finais dos produtos.
Câmbio volátil:
- A desvalorização do real em relação ao dólar encarece os importados e pressiona a inflação. A forte alta do dólar em 2024, que saltou de R$ 4,90 para R$ 6,19, é um exemplo disso. Certamente foi o elemento que trouxe maior impacto para a leitura de inflação mais recente.
E o futuro? Quais são os cenários possíveis e perspectivas
- A persistência da inflação pode levar o Banco Central a manter os juros elevados por um tempo maior, prejudicando o crescimento econômico.
Cenário de alerta:
- Se a incerteza fiscal e a pressão inflacionária persistirem, o Banco Central pode manter a política monetária contracionista por um tempo maior, desacelerando a economia.
Cenário otimista:
- Um ajuste fiscal crível e a ancoragem das expectativas de inflação podem permitir a redução gradual dos juros e estimular o crescimento.
Concluindo, o ano de 2025 será um ano de grandes desafios, com a inflação como um dos principais pontos de atenção. A capacidade do governo de equilibrar as contas públicas e manter a confiança dos agentes econômicos será determinante para o futuro da economia brasileira.
Artigo escrito por Guilherme Dultra, que é sócio da Knox Capital e Head de Finanças da ANEFAC. Ele é economista, mestrando em economia e mercados pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e especialista em finanças comportamentais pela University of Chicago Booth School of Business.
