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Mercado global de private equity enfrenta retração no primeiro trimestre de 2025

Mercado global de private equity enfrenta retração no primeiro trimestre de 2025

O mercado global de private equity iniciou 2025 com atividade abaixo do esperado, aponta o levantamento Pulse of Private Equity Q1’25, produzido pela KPMG. Foram anunciados 3.762 negócios, somando US$ 444,9 bilhões — marco inferior aos US$ 463,8 bilhões do trimestre anterior, porém acima dos US$ 381,9 bilhões do primeiro trimestre de 2024.

Apesar do otimismo com a estabilização macroeconômica, os investidores de private equity reagiram com cautela frente a questões geopolíticas, políticas tarifárias voláteis e juros elevados. O foco se voltou a setores com crescimento previsível e resiliência.

As Américas concentraram a maior fatia dos aportes, com US$ 287,1 bilhões em 1.868 transações. Os Estados Unidos lideraram os investimentos e apresentaram sinais de consolidação, com fundos maiores atraindo mais capital.

Brasil e México seguem como principais destinos na América Latina, com destaque para setores como tecnologia, infraestruturaenergia e agronegócio — este último ganhando relevância diante da busca por ativos resilientes e ligados à demanda interna.

Na região que engloba Europa, Oriente Médio e África (EMA), o volume caiu para US$ 109,1 bilhões, reflexo de eleições e instabilidade econômica. Na Ásia-Pacífico (ASPAC), o Japão surpreendeu com metade dos US$ 37,5 bilhões investidos na região.

O setor de infraestrutura segue no radar dos fundos de private equity, com ênfase nos centros de dados impulsionados pelo avanço da inteligência artificial. Setores menos expostos a tarifas, como serviços empresariais e saúde, atraíram mais interesse.

Antes da virada do trimestre, o relatório já previa impactos negativos das novas tarifas nos Estados Unidos. O risco de retaliações e a incerteza sobre acordos comerciais levaram muitos fundos a adotarem uma postura de espera e vigilância.

A concentração de recursos em grandes fundos cresceu. Os investidores priorizam gestores consolidados, enquanto fundos emergentes enfrentam dificuldades para captar e entregar retornos consistentes em um ambiente volátil.

Em paralelo, estratégias de carve-out e reestruturação corporativa abriram oportunidades. Empresas que buscam foco em operações principais começaram a negociar ativos não estratégicos, criando espaço para aquisições por fundos de private equity.

Essa tendência é visível em mercados como Japão e Índia, em que o apetite por controle majoritário vem crescendo. A venda parcial para fundos especializados tem sido usada como alternativa para mitigar riscos e impulsionar resultados.

A aposta é que os fundos de private equity sigam ampliando estruturas flexíveis de investimento. Cresce o uso de parcerias, coinvestimentos e participação minoritária como formas de reduzir riscos e acessar novas oportunidades.

Novos padrões das cadeias do setor de minerais

A descarbonização tornou-se prioridade estratégica para o setor de metais e minerais. Estima-se que 85% das emissões da mineração venham do uso de diesel em máquinas e de energia não renovável nos processos — o que reforça a urgência de adotar fontes limpas e renováveis.

Empresas da região já começam a implementar soluções como eletrificação de minas, uso de hidrogênio verde e captura de carbono. Essas iniciativas não apenas reduzem emissões, como também aumentam a competitividade e o retorno financeiro das operações.

A digitalização também é aliada na jornada ESG. Softwares de gestão de dados, plataformas em nuvem e tecnologias de rastreabilidade permitem acompanhar emissões em tempo real e ajustar rotas, fornecedores e operações com base em dados confiáveis.

A cadeia de suprimentos precisa ser mais integrada e colaborativa. Muitos líderes apontam a escassez de profissionais qualificados como obstáculo à transformação digital. Parcerias estratégicas serão essenciais para superar esse gargalo e acelerar os avanços.

A diversificação de fornecedores e rotas logísticas também ganha importância. Isso permite reduzir a exposição a conflitos, gargalos ou embargos comerciais, garantindo maior resiliência diante de eventos climáticos, disrupções e crises internacionais.

O acesso a financiamento é outro fator decisivo. Iniciativas como green bonds e programas de incentivo à transição energética vêm se consolidando como alavancas para projetos de mineração sustentável nos países latino-americanos.

Brasil, México, Chile e Argentina já articulam políticas públicas e linhas de crédito para apoiar a descarbonização. O uso responsável desses recursos pode impulsionar inovação e destravar ganhos ambientais e sociais no setor.

Entretanto, o retorno sobre esses investimentos ainda é um desafio. Exigências elevadas de retorno sobre investimentos (ROI) e a dificuldade em precificar riscos climáticos limitam o fluxo de capital — o que exige ajustes nos modelos regulatórios e nos critérios de financiamento.

O estudo da KPMG destaca que 61% das empresas latino-americanas já integram metas de descarbonização à estratégia de negócios. Isso demonstra um amadurecimento do setor, que passa a tratar sustentabilidade como alicerce e não como custo.

Protagonista da transição energética, o setor de metais e minerais precisa equilibrar produtividade, inovação e responsabilidade ambiental. O fortalecimento da cadeia de suprimentos da mineração, apoiada por tecnologia, colaboração e financiamento verde, será essencial para garantir resiliência e impacto positivo nos próximos anos.

Criação de valor e tecnologia em evidência

A indústria de private equity tem migrado de estratégias financeiras clássicas para abordagens baseadas em geração de valor. O uso de tecnologias e da digitalização tornou-se peça-chave para decisões de investimento e diferenciação competitiva.

Setores como fintechinsurtech e manufatura digitalizada sobressaem. Mesmo em áreas tradicionais, os fundos buscam ativos com potencial de transformação tecnológica, maior eficiência e vantagem operacional sustentada.

Em razão das incertezas e da volatilidade, ainda não houve uma recuperação do ritmo de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs). Setores como energia e manufatura industrial registraram bons volumes de desinvestimentos no período analisado.

A perspectiva para o private equity no segundo trimestre depende da evolução das políticas comerciais. Se houver clareza nas diretrizes tarifárias, pode haver retomada do apetite por negócios e reabertura gradual do mercado de saídas.

No momento, o setor deve manter o foco em negócios domésticos, infraestrutura e tecnologia, priorizando empresas com maior resiliência. A combinação entre cautela e criatividade continuará a nortear os movimentos do private equity global em 2025.

Fonte: KPMG