Juros altos e incertezas políticas: impacto na economia nacional e internacional
Em um cenário econômico global marcado por incertezas e desafios, a análise de Ailton Leite destaca as complexidades dos juros e da taxa Selic tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Segundo Ailton Leite, membro do Núcleo de Economia da ANEFAC, os principais pontos entre Brasil e EUA sobre juros e Selic é que ambos estão com juros altos. “Como as taxas vão se comportar: No Brasil, a taxa SELIC está em fase de redução. Nos EUA, os juros estão estabilizados em um nível considerado alto para os padrões americanos, e não há sinalização do FED sobre quando iniciará o corte na taxa”, diz.
Para ele, com os juros altos nos dois países, os investidores estão mais concentrados no mercado financeiro, com menor risco, mas de olho nas oportunidades em aquisição de empresas e investimentos diretos nas empresas. Além disso, é preciso estar atento aos efeitos no mercado financeiro, aqui e nos EUA, devido às eleições deste ano, aqui para prefeitos e nos EUA para presidente. Uma vez que o ano político sempre gera gastos não produtivos e a insegurança por não saber quem será o Presidente nos EUA e quem serão os eleitos para prefeitos nas principais capitais nos estados brasileiros.
O mercado global ainda está se recuperando dos efeitos da COVID, da guerra entre Rússia e Ucrânia e agora o conflito em Israel também afeta a economia global. Na visão de Leite, a inflação ainda está afetando a economia de muitos países e os bancos centrais têm mantido as taxas de juros elevadas para combater a inflação. “Nos EUA, a inflação de 2023 medida pelo Índice de Preço ao Consumidor (CPI) saiu acima do esperado, reduzindo as expectativas para o início do ciclo de corte de juros em março.
A zona do euro terá crescimento abaixo do esperado em 2024, entrando neste ano em ritmo mais fraco depois de evitar por pouco uma recessão técnica e estagnar no segundo semestre de 2023, segundo relatório de projeções econômicas da Comissão Europeia publicado no dia 15″, explica.
De um modo geral, no mercado internacional, ele acredita que vários países ainda não estão com fôlego para grandes investimentos, pois a inflação ainda obriga a ação dos Bancos Centrais em controlar por meio de taxa de juros elevadas. A insegurança no setor produtivo e taxas de juros altas inibem investimentos por meio de captação em bancos. Enquanto no Brasil, temos quase a mesma situação, insegurança e juros altos e a não conclusão da Reforma Tributária é outro fator que impede as empresas de fazerem planejamentos mais seguros.
Do ponto de vista de impacto para as empresas, Leite entende que o planejamento sempre fica mais difícil e gera insegurança nas decisões de investimentos. A instabilidade na economia global afeta as exportações brasileiras, impactando negativamente as vendas/receitas e provocando efeitos negativos na inadimplência. A postura mais conservadora tem sido aplicada pelos empresários para garantir a saúde financeira e a continuidade das empresas.