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Os princípios de uma liderança guiada pelo propósito

Os princípios de uma liderança guiada pelo propósito

Liderar uma empresa com certeza não é uma tarefa fácil, independentemente do contexto em questão. Antigamente, dentro de um modelo mais tradicional de gestão, esperava-se, de certa forma, que o líder de uma organização tivesse um perfil mais autocentrado, com respostas e soluções para todos os problemas, detentor de  um poder quase ilimitado e guiado por metodologias que criavam barreiras e noções excessivamente hierárquicas no ecossistema de uma companhia.

Contudo, os tempos e as dinâmicas mercadológicas – de sorte – mudaram, e as expectativas (tanto internas, por parte dos funcionários, quanto externas, dos consumidores e stakeholders) depositadas sobre os líderes certamente se modificaram. Mais do que nunca, as pessoas buscam por propósito, e essa também deve ser a procura principal das lideranças de uma companhia.

Com as constantes e rápidas transformações que atingem os mercados – aliadas às pautas que vêm ganhando cada vez mais importância na sociedade –, é natural que essas questões se reflitam também no modo de operação das empresas. Nesse cenário, as já bem conhecidas ferramentas de Missão, Visão e Valores nunca foram tão fundamentais para o sucesso de um negócio, e talvez passem a ser (re)construídas para dialogar com a realidade da sociedade contemporânea.

Além do entendimento das novas demandas do público consumidor, torna-se essencial que as companhias se atentem às preocupações de seu corpo de colaboradores, as quais inevitavelmente são diferentes em comparação às de 5, 10, 20 anos atrás. Para se ter uma ideia, segundo um estudo da Harvard Business Review, mais de 90% dos entrevistados afirmaram que trocariam um percentual – 23%, em média – de seus ganhos para ter mais significado e propósito no trabalho que realizam.

A construção de liderança e o entendimento do propósito

Claramente, a criação do propósito que guie uma empresa não acontece, e não deve acontecer, da noite para o dia. Para que se possa estabelecer valores condizentes com as demandas da sociedade, é necessária uma liderança que conheça a fundo o próprio negócio, dialogue com as equipes e se comunique com transparência e clareza, abandonando uma possível imagem de “intocável” que possa ter sido construída.

De acordo com um artigo escrito por Hubert Joly, ex-presidente e CEO da Best Buy, existem, basicamente, cinco princípios para a construção de uma liderança guiada pelo propósito:

  • Seja claro: entenda o seu propósito como líder e os daqueles à sua volta e como tudo isso pode se conectar aos propósitos da companhia, elementos essenciais para construir motivação nas equipes;
  • Tenha consciência sobre o seu próprio papel: a função principal de um líder é criar energia e encorajar, de modo a inspirar e potencializar as equipes, ajudando-as a enxergar possibilidades. Circunstâncias não podem ser controladas, mas a mentalidade, sim;
  • Saiba a quem você serve: um líder deve ver todos como consumidores, servindo às pessoas à sua volta, entendendo suas necessidades, de forma que possa oferecer suporte com excelência;
  • Seja guiado por valores: na teoria, todas as organizações possuem ótimos valores, mas o que importa é colocá-los em prática. Isso significa que, no fim do dia, é sobre fazer o que é certo, promover de fato tais valores, e não apenas expô-los;
  • Aposte na autenticidade: antes de mais nada, é importante que um líder seja ele mesmo, sua melhor versão, e se dê a liberdade e abertura de demonstrar vulnerabilidade. Compartilhar emoções, afinal, pode trazer mais conforto e ser de grande ajuda para os colaboradores.

Nos tempos atuais, o que se espera, portanto, de um líder organizacional é que ele se mostre humano, que entenda e reconheça a importância de todos no êxito de uma empresa, abandonando a ultrapassada imagem de um executivo inatingível, incontestável e temido.

Guiar-se por um propósito é também, nesse sentido, sair da sua própria zona de conforto, expor-se a falhas e fraquezas e reconhecer o seu papel e o da empresa dentro de um contexto muito, muito mais abrangente. E esse papel só é possível de ser conduzido com excelência quando nos dispomos, inclusive a errar e a aprender ao longo de uma jornada contínua de autoconhecimento pois, como bem disse John F. Kennedy, liderança e aprendizagem são indispensáveis um ao outro.   

Artigo escrito por Alexandre Velilla Garcia, head de Administração da ANEFAC