Fechando a lacuna digital: A importância da capacitação tecnológica e de soft skills
O desenvolvimento acelerado da tecnologia tem impulsionado o crescimento econômico global e nos últimos meses, tudo o que se fala, por exemplo, tem um toque de Inteligência Artificial, IA para os íntimos ou AI para os gringos. No entanto, a disparidade no acesso e na compreensão dessas inovações tecnológicas tem gerado uma lacuna digital significativa na sociedade. Desde 2016, a UNESCO tem destacado a importância do tema, definindo cidadania digital como a capacidade de encontrar, acessar, utilizar e criar informação de forma eficaz, interagir com outros utilizadores e com o conteúdo de forma ativa, crítica, sensível e ética, bem como navegar no ambiente online e das TIC de forma segura e responsável, estando ciente dos próprios direitos.
Apesar da complexidade e abrangência do tema, para os empresários brasileiros, é crucial entender que essa lacuna pode limitar o crescimento e a competitividade de suas organizações, tornando imperativo investir em treinamento tecnológico e no desenvolvimento de soft skills capazes de administrar este nível de mudança e incerteza.
A lacuna digital e seu impacto no crescimento corporativo
A lacuna digital refere-se à diferença entre aqueles que maximizam o uso da tecnologia, enquanto outros não o fazem. No cenário empresarial, isto reflete em empresas que têm acesso e habilidades às tecnologias disponíveis e aquelas que não têm. No Brasil, essa disparidade pode levar a uma estagnação no crescimento corporativo, ou até mesmo falência por perda de competitividade.
A explicação é simples. A falta da aplicação estratégica de tecnologia e, mais crucialmente, a ausência de competências digitais entre os colaboradores podem resultar em menor produtividade, inovação limitada e oportunidades reduzidas no mercado global.
A importância do treinamento em novas tecnologias
Para que as empresas brasileiras possam fechar a lacuna digital, é fundamental investir em treinamento contínuo de seus colaboradores. Com a rápida evolução tecnológica, habilidades que eram relevantes há alguns anos podem estar obsoletas hoje. Portanto, programas de capacitação atualizados, que ensinem as novas tecnologias, e principalmente, as novas oportunidades operacionais são vitais.
Esses treinamentos devem incluir não apenas a explicação sobre o ferramental tecnológico, como IA, análise de dados, IoT etc. mas devem permitir aos colaboradores de identificar aplicações reais destas tecnologias dentro do negócio. A capacitação técnica desassociada da prática dentro do negócio gera conhecimento para o colaborador, mas não necessariamente valor para o negócio.
Desenvolvimento de soft skills: Uma necessidade estratégica
Quando o assunto é capacitação, principalmente sobre assuntos técnicos, como novas tecnologias, o foco acaba se concentrando, quase que em sua totalidade, na hard skill, ou seja, na capacidade de operacionalizar as ações. Entretanto, as soft skills, que incluem comunicação, trabalho em equipe, resolução de problemas e pensamento crítico, são essenciais para a adaptação e utilização eficaz da tecnologia. Isto deve-se ao fato de as tecnologias mudarem rapidamente, o que faz com que a capacidade de se adaptar, aprender e colaborar podem ser até mais relevantes do que o conhecimento específico sobre uma tecnologia.
Até por isto, no relatório do futuro do trabalho, publicado pelo Fórum Econômico Mundial em 2023, as principais habilidades da força de trabalho do mundo foram pensamento analítico e pensamento criativo. Seguidos de resiliência, flexibilidade e agilidade; motivação e autoconsciência e; curiosidade e aprendizagem contínua. Ou seja, as top 5 competências são soft skills, onde a 6, foca no alfabetismo tecnológico, tópico deste artigo.
Conclusão
Para os líderes empresariais brasileiros, a mensagem é clara: fechar a lacuna digital é essencial para garantir um crescimento corporativo sustentável. Investir em treinamento em novas tecnologias e no desenvolvimento de soft skills associadas a elasticidade mental e capacidade de gerenciar incertezas não é apenas uma necessidade operacional, mas uma estratégia crucial para a competitividade no mercado.
Artigo escrito por Thammy Marcato, diretora de Cidadania Digital & Academia e diretora de tecnologia da ANEFAC