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Transformação digital, Metaverso, ESG, ERM e diversidade devem seguir na agenda de GC

Transformação digital, Metaverso, ESG, ERM e diversidade devem seguir na agenda de GC


Pode-se dizer que há dois estágios de maturidade de governança corporativa nas empresas, o inicial e o avançado, independentemente das características ou portes. Na visão das integrantes da vice-presidência de governança da ANEFAC, Andreia Fernandez, vice-presidente, Luciana Bacci, head adjunta, Claudia Valente, diretora de conduta de conflito de interesses, e Ana Paula Tarossi, diretora de agentes,, no estágio inicial é quando se está desenvolvendo e implementando os fundamentos e, no avançado, quando já se implementaram e estão aperfeiçoando esses fundamentos. Estes conceitos são importantes quando falamos sobre as tendências para 2022, pois, muda de um para o outro:

“Para aquelas no estágio avançado, o maior foco deve ser na agenda ESG, que envolve o aumento da importância dos aspectos ambientais, de mudanças climáticas, dos sociais e de diversidade, bem como reforço dos fundamentos de GC; necessidade de especialização dos conselheiros de administração em temas relacionados ao ESG, a transformação digital e segurança da informação, que inclui o risco cibernético; e convergência da sustentabilidade aos relatórios econômico-financeiros. Já para as no inicial, atenção deve ser na implementação de conselhos de administração e de comitês de assessoramento com a presença de membros independentes e das práticas de fiscalização e controles, tais como: gestão de riscos, controles internos e auditoria interna”, ressaltam as especialistas.

Mas, independentemente do estágio de maturidade de GC, os temas de destaque são as necessidades de reforço das práticas de compliance, ética e integridade nos processos de tomada de decisão, mas a maior mudança está relacionada a evolução evidente do compliance operacional para uma pauta estratégica, que abrange a responsabilidade de todos os órgãos (acionistas, conselho e diretoria) pelo aprimoramento da cultura de ética e integridade.

Já em termos de desafios em GC em 2022, é preciso separar em cenário internacional e nacional. Para Fernandez, Bacci, Valente e Tarossi, as empresas brasileiras podem se valer do pioneirismo de alguns países, principalmente em relação às novas regulamentações relativas às mudanças climáticas, como por exemplo, o projeto Internacional Sustainability Standards Board (ISSB) e a Governança Corporativa, que inclui a Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (Corporate Sustainability Reporting Directive, a CSRD) e a Diretiva de Governança Corporativa Sustentável (Sustainable Corporate Governance, a SCG), além de estar atentas aos impactos que tais regulamentações podem ocasionar em seus negócios, bem como antecipá-los, de forma que ajustes, se necessários, possam ser planejados e implementados gradualmente sem impactar demasiadamente os investimentos.

Com relação a agenda nacional, sob a perspectiva das de capital aberto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) indicou prioridades normativas para 2022 abrangendo assembleias e voto a distância, influenciadores digitais, marco legal das startups e transparência na pré-negociação no mercado de balcão (debêntures). “Um tema comum será o cenário político nacional, que pode causar impactos na economia, portanto, uma política de caixa robusta talvez seja uma boa iniciativa para o período. A inovação tecnológica e diversidade devem permear a estratégia e as iniciativas de curto e longo prazo, para que continuem sendo diferenciadas e atrativas. Os membros do Conselho de Administração devem mensurar seu apetite ao risco, provocar e estimular a diretoria a buscar novas formas de atuar com mais ética, transparência e responsabilidade e desenvolver estratégias buscando impactos positivos no mundo, em linha com as agendas regulatórias e dos investidores institucionais”, apontam as especialistas.

Levando em consideração que a pandemia ainda não terminou, não se pode dissociar qualquer avanço em termo de GC dos efeitos que o Covid-19 trouxe e continua trazendo ao mundo corporativo. Com isso, os profissionais da área seguem com grande desafio na implementação ou no aprimoramento das boas práticas. Entre eles, a transformação digital com o advento do 5G no Brasil e o fenômeno “Metaverso”, devem estar na agenda prioritária de GC uma vez que novos produtos e novos negócios devem surgir, que vão requerer novas e rápidas ações a serem debatidas e internalizadas. E, certamente, o ambiente regulatório continuará sendo foco de atenção da agenda executiva para apoiar as estratégias necessárias aos objetivos do negócio.

“A conscientização e a adoção de boas práticas de governança requerem muito empenho dos profissionais da área, além dos temas de diversidade, transparência, sustentabilidade e data Privacy, que devem estar na pauta prioritária pelos próximos dois anos, no mínimo. Sobre aspectos de sustentabilidade dos negócios, as questões sociais e ambientais, que já trouxeram mudanças significativas, serão ainda mais priorizadas. E, neste contexto, o que pode afetar a governança de grandes empresas são as subcontratações, que trazem um real risco de reputação ao negócio e muitas vezes acabam preteridos”, avaliam Bacci, Valente e Tarossi.

Importante considerar que para os segmentos mais afetados pelo impacto da pandemia, a preocupação em recuperar o que sobrou poderá ensejar numa nova liderança mais propensa ao risco ou, ao contrário, mais prudente e avessa às perdas. Neste sentido, a habilidade de percepção do ambiente será primordial ao profissional de GC, que tem, dentre outras missões, o desafio de apoiar o negócio para a melhor tomada de decisão.

Do ponto de vista de cultura organizacional, haverá ainda importantes transformações por conta desse contexto tecnológico em constante evolução. Isso vai exigir que os profissionais de governança corporativa atuem ainda mais próximos das áreas de recursos humanos e comunicação interna, para reforçar a importância de uma liderança ética e humanizada, em prol dessa e das próximas gerações.

Por causa disso, na ANEFAC, a vice-presidência de GC segue com o objetivo de trazer as pautas mais relevantes para os profissionais da área, com a realização de alguns eventos/reuniões técnicas ao longo do ano, que em breve estarão na agenda e poderão ser consultados pelo site. Os temas transformação digital, Metaverso, ESG, ERM e diversidade devem seguir na pauta. “Além disso, a VP continuará com foco na implementação de processos internos, dando continuidade às ações relacionadas às boas práticas de governança, onde em 2021 divulgamos o Código de Conduta da ANEFAC e em 2022 seguimos com a implantação do Comitê de Ética e Compliance da ANEFAC, bem como implementação e/ou revisão de políticas internas”, finaliza Fernandez.